Contra o AI-5 digital!

Cartaz_Protesto_Azeredo_A4

A Lei sobre Crimes de Informática, ou AI-5 Digital, é um projeto de lei enviado à Câmara pelo senador Eduardo Azeredo do PSDB que quer bloquear o uso de redes P2P, quer acabar com o avanço das redes de conexão abertas (Wi-Fi) e quer exigir que todos os provedores de acesso à Internet armazenem dados e eventualmente se tornem delatores de seus usuários. A Lei Azeredo pensa que cada usuário da rede é um criminoso em potencial, e quer transformar em crime o ato de "obter ou transferir dado ou informação disponível em rede de computadores, dispositivo de comunicação ou sistema informatizado, sem autorização ou em desconformidade à autorização, do legítimo titular, quando exigida". O deputado Régis de Oliveira (PSC-SP), relator na última comissão que aprovou a lei, chegou a dizer que "só assim vamos combater a pirataria, os hackers, esse pessoal todo que usa computador para fins inadequados.” Com a aprovação de uma lei como essa, quase tudo o que se faz na internet hoje será considerado crime. Mais uma vez, são os fantasmas de leis e concepções absolutamente anacrônicas arrastando suas correntes lá em Brasília, a mando dos interesses econômicos de alguns poucos.

Mais informações: http://www.camara.gov.br/internet/radiocamara/default.asp?selecao=MAT&Materia=109621; http://meganao.wordpress.com/; http://blogs.estadao.com.br/link/um-passo-para-a-lei/; http://www.petitiononline.com/veto2008/petition.html

Plano de ação para produção e consumo sustentáveis

image

O Ministério do Meio Ambiente colocou o Plano de Produção e Consumo Sustentáveis na internet, e até o dia 11 de novembro qualquer pessoa ou instituição pode sugerir ideias ou críticas ao documento. Segundo o MMA, trata-se de uma agenda positiva, pensada para os próximos três anos, composta de ações em curso ou que deverão ser desenvolvidas no curto prazo. As prioridades selecionadas pelo governo passam por seis pontos básicos: "educação para o consumo sustentável, compras públicas sustentáveis, agenda ambiental na administração pública, aumento da reciclagem de resíduos sólidos, construção civil sustentável e, por fim, varejo e consumo sustentáveis".

Sabemos que o capetalismo não dá trégua. Mas, apesar dos limites óbvios da ideia, trata-se de uma tentativa de democratizar a discussão que deve ser aproveitada. (já havíamos indicado o caso do marco civil que regulamenta o uso da internet no Brasil, que também foi colocado na rede para apreciação geral).

Mais informações no sítio: http://www.mma.gov.br/sitio/index.php?ido=conteudo.monta&idEstrutura=243#

Agricultura amazônica pode chegar a 8.000 anos

“Data obtida em sítio de Rondônia é uma das mais antigas da América

Indício vem da presença de terra preta, solo que surge em uso intenso da vegetação; obra de usina possibilita achado

O sítio arqueológico conhecido como Garbin não existe mais. Tragado pelas obras da Usina Hidrelétrica Santo Antônio (RO), em seu lugar ficará o vertedouro da barragem -uma espécie de válvula de escape da usina.
Antes que o sítio sumisse, porém, arqueólogos desenterraram ali sedimentos e artefatos que podem indicar que a agricultura na Amazônia foi "inventada" há uns 7.700 anos -uma das datas mais antigas do continente, e a mais velha do Brasil.
A pista de que a técnica foi dominada em época tão remota é indireta, mas forte. Trata-se da chamada terra preta, solo rico em matéria orgânica que, até onde se sabe, só surge com o acúmulo constante de dejetos de origem animal e vegetal, característico do uso intensivo desses recursos.
"Se não era agricultura propriamente dita, eles, no mínimo, estavam fazendo um manejo intenso dos recursos vegetais", diz o arqueólogo Renato Kipnis, sócio da empresa Scientia Consultoria Científica e um dos coordenadores do trabalho.

AO RESGATE
Kipnis e seus colegas andam zanzando para cima e para baixo da BR-364, perto de Porto Velho, desde 2008. Por lei, as compensações ligadas a uma usina do porte da de Santo Antônio, no rio Madeira, exigem o resgate de possíveis bens de interesse arqueológico que apareçam na construção. A empresa do arqueólogo venceu a licitação para fazer o serviço.
"Imagine só quando percebemos que os principais sítios estavam bem no canteiro da obra", brinca Ricardo Márcio Martins Alves, gerente de sustentabilidade da Santo Antônio Energia. "Mas logo conseguimos nos organizar para que o trabalho dos arqueólogos fosse feito."
A equipe da Scientia descobriu que, em paralelo com a rodovia moderna, corria uma hidrovia pré-histórica. A calha do Madeira na região está coalhada de sítios, que abrangem ambas as margens do rio e também as ilhas e pedrais (rochas de corredeiras) no meio do leito. Há gravuras rupestres, cerâmica decorada, artefatos de pedra e terra preta para dar e vender.
"O incomum é que no sítio Garbin havia terra preta associada a artefatos de pedra, e não a cerâmica", diz a arqueóloga gaúcha Silvana Zuse, que integra a equipe.
Vasculhar esses instrumentos em busca de restos vegetais microscópicos pode indicar o que, afinal, os moradores do Garbin cultivavam. A aposta mais óbvia: mandioca, a lavoura amazônica por excelência.
"É chato saber que vários sítios vão sumir. Mas, se não fosse pela obra, dificilmente teríamos tanta verba para trabalhar aqui", diz a geóloga Michelle Mayumi Tizuka.”

(na Folha de S.P.)

“Ideia de "mata virgem" passa por uma revisão

Se novos dados confirmarem a antiguidade da agricultura nativa na calha do Madeira, deve ganhar ainda mais força uma hipótese defendida por arqueólogos que trabalham na Amazônia.
Trata-se da ideia de que o termo "floresta virgem" pode ser profundamente enganoso. A mata seria, na verdade, uma "floresta cultural", manejada pelos indígenas ao longo de milhares de anos para que as espécies de seu interesse prosperassem.
Quem se embrenha na mata da ilha Dionísio, um dos locais estudados pela equipe da Scientia, não precisa de muito para crer na ideia.
Após caminhar por alguns minutos por uma floresta estonteamente diversa, onde nenhuma árvore é igual à vizinha, você parece cruzar os limites de um círculo invisível dentro do qual, de repente, uma única espécie reina.
É um urucurizal -como o nome diz, uma concentração da palmeira conhecida como urucuri. O fruto é comestível.
"Uns gostam, outros nem tanto. O pessoal come quando cai da árvore", conta Vanderlei Alves Santos, assistente de campo das escavações que, empolgado com o trabalho, enfrenta o vestibular para o curso de arqueologia da Universidade Federal de Rondônia no mês que vem.
"Há um debate grande se coisas como o urucurizal são naturais ou surgiram pelo manejo da floresta", diz Kipnis. "O risco é você criar uma espécie de viés de confirmação. Se procurar sinais de uma floresta antrópica [ou seja, gerada pelo homem] em locais onde sabidamente houve ocupação no passado, vai acabar achando, claro."
Uma ideia para contornar isso seria calcular a "assinatura" visual de certos tipos de árvore -as "culturais" e as de uma mata mais virgem, por exemplo- quando vista do espaço, via satélite. "Aí você poderia detectar as áreas e ir lá escavar para ver se há sítios mesmo", explica.
Em outra ilha, enquanto escava, o arqueólogo Eduardo Bespalez aponta uma enorme sumaúma, espécie de mata intacta. "Essa aí viu o pessoal dançando no terreiro", brinca.”

(na Folha de S.P.)

“Plantio teria facilitado a expansão tupi

Área onde há indícios de agricultura também é considerada berço de povos que colonizariam litoral do país
Cultivo de mandioca tem forte elo com as tribos do grupo, mas evidências mais claras são difíceis de obter


"Tupi or not tupi" (tupi ou não tupi), brincava o poeta brasileiro Oswald de Andrade, parodiando o "to be or not to be" de Shakespeare. No caso das descobertas em Rondônia, a piada do autor modernista está estranhamente próxima da realidade.
Isso porque, ao que tudo indica, o Estado amazônico é considerado por muitos estudiosos como o provável berço da expansão tupi.
É ali que existe a maior diversidade de idiomas do tronco linguístico tupi -e os estudos mostram que essa diversidade só aparece com o tempo. Portanto, é um sinal claro de que os tupis estariam por lá há milênios.
Os povos que falavam idiomas tupis, porém, já tinham se espalhado por uma enorme área, alcançando todo o litoral do Brasil, na época do primeiro contato com os europeus. Seria possível identificá-los como os primeiros plantadores de mandioca do Brasil? Será que isso teria conferido a eles uma vantagem competitiva frente a seus rivais sem lavoura?
Ideias desse tipo ganharam força entre arqueólogos nas últimas décadas. Grosso modo, ocorre que, comparados a caçadores-coletores, povos de fazendeiros têm mais muque demográfico.
Conseguem produzir mais comida para alimentar mais gente no mesmo espaço -algo entre dez e cem vezes mais pessoas por hectare. Por isso, ganhariam a briga por expansão territorial, desalojando ou derrotando em combate seus rivais não-agrícolas.
"Não há dúvida de que há um elo muito forte entre os tupis e o cultivo da mandioca, até do ponto de vista dos mitos sobre a planta que são importantes para eles", diz o arqueólogo Eduardo Bespalez, que tenta relacionar o registro dos sítios com os povos indígenas atuais.
"Encontramos por aqui a cerâmica da chamada tradição policrômica da Amazônia. É comum ela ser associada aos grupos tupis, embora povos sem relação com eles também a tenham produzido", adverte o pesquisador.
Renato Kipnis vê com interesse um possível elo entre avanço demográfico e agricultura, mas diz que os modelos a esse respeito podem acabar sendo simplistas.
"Uma coisa que notamos, com base no próprio sítio Garbin e em outros locais, foram datações em torno de 5.000 anos, as mais antigas depois da de 7.700 anos", conta ele. "O curioso é que essa idade é uma das estimadas para a divergência inicial das línguas do tronco tupi. É uma possibilidade a explorar", afirma o arqueólogo.

PRESERVAÇÃO
Segundo a Santo Antônio Energia, a Universidade Federal de Rondônia terá apoio para montar um acervo preservando os achados dos sítios arqueológicos que foram -ou serão- destruídos pela usina. Outras áreas de escavação, que não serão diretamente afetadas, podem virar áreas de estudo permanente.”

(tb, na Folha de S.P.)

Povos indígenas no Brasil 1980-2000

O Instituto Socioambiental (ISA) disponibilizou na rede a série de livros Povos Indígenas no Brasil, que começou a ser publicada em 1980 pelo Centro Ecumênico de Documentação e Informação (Cedi). Cada livro da série apresenta uma quantidade de artigos assinados por indigenistas, políticos e especialistas de diversos campos do conhecimento, abordando temas como educação indígena, direitos territoriais, saúde e etc. Trata-se de uma fonte de informação de inestimável valor, agora disponível para a consulta online ou para a baixação. No link: http://pib.socioambiental.org/pt/c/povos-indigenas-no-brasil-serie-historica.

Tatá

Tatá reza caiçuma. Via Yuxinawa.