"Novas fotos inéditas dos índios isolados do Acre"

Do Blog da Amazônia, do Altino Machado
Índios isolados observam o avião

"Índios isolados observam avião sobrevoando maloca

A Survival International divulgou nesta segunda-feira (31) novas fotos de índios isolados que vivem no Acre, perto da fronteira com o Peru. As fotos foram tiradas pela Fundação Nacional do Indio (Funai), que autorizou a organização, sediada em Londres, a utilizá-las como parte de sua campanha para proteger o território dos índios isolados.

As fotos mostram os índios em detalhe nunca visto antes e revelam uma comunidade próspera e saudável com cestos cheios de mandioca e mamão fresco cultivados em suas roças. Alguns isolados aparecem nas fotos com roupas e utensílios furtados das casas de brancos e índios da região. Os isoalados poderão ser vistos no episódio Jungles, do programa Human Planet, da BBC1, na quinta-feira (3).

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A Survival alerta que a sobrevivência da tribo está em sério perigo por causa da entrada de madeireiros ilegais que estão invadindo o território dos índios isolados no lado peruano da fronteira.

As autoridades brasileiras acreditam que o influxo de madeireiros está empurrando índios isolados do Peru para o Brasil, e é provável que os dois grupos entrarão em conflito.

A Survival e outras ONGs há anos fazem campanha para que o governo peruano aja de forma decisiva para impedir a invasão, mas pouco tem sido feito.

No ano passado, uma organização dos EUA, Upper Amazon Conservancy, realizou o último de vários sobrevôos do lado do Peru, revelando mais evidências de extração ilegal de madeira em uma área protegida.

- É necessário reafirmar que esses povos existem e para isso apoiamos a divulgação de imagens que comprovam estes fatos. Esses povos têm tido seus direitos mais elementares, sobretudo à vida, ignorados… Portanto devemos protegê-los - afirmou Marcos Apurinã à Survival.

O líder indígena Davi Kopenawa Yanomami, também apoia a divulgação das imagens:

- Tem que cuidar e proteger o lugar onde os índios moram, pescam, caçam e plantam. Por isso é útil mostrar as imagens dos isolados, para o mundo inteiro saber que eles estão lá na floresta deles e que as autoridades devem respeitar o direito deles de morar lá.

O sertanista José Carlos dos Reis Meirelles, da Funai, explicou que são os povos isolados são “meio desconhecidos”.

- É difícil convencer até o próprio estado que eles existem. A partir disso, você demarcar um território maior para eles já é uma dificuldade. É um desafio porque você vai mexer com um monte de interesses. É o segundo desafio é manter realmente essa terra isenta de interferência externa - assinalou Meirelles."

Fotos: Gleison Miranda/Funai/Survival

El sueño del celta de Mario Vargas Llosa

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Hoje eu acabei de ler o livro que deu o Nobel de literatura a Vargas Llosa, El Sueño del Celta.
O livro conta a história de Roger Casement (1864-1916), que, dentre outras coisas, foi cônsul britânico no Congo Belga e relator do grupo que investigou os abusos cometidos pelos funcionários da Peruvian Amazon Company na região do rio Putumayo, na fronteira entre Peru e Colômbia.
Escrito em uma prosa simples, o livro relata as aventuras desse irlandês muito louco, desde sua ida para o Congo, onde começa sua luta contra os horrores da colonização, até a sua morte por enforcamento, depois da tentativa frustrada de conduzir um levante anticolonialista na Irlanda, em 1916.
O principal assunto do livro é a descoberta feita por Casement dos verdadeiros efeitos da colonização, apesar dos discursos que a justificavam como o trabalho de levar a civilização e a fé cristã para os selvagens. O texto é estruturado em duas linhas narrativas principais que se sobrepõem: os capítulos ímpares relatam os últimos dias de Casement na prisão, onde ele esperava ansioso saber qual fora a decisão da suprema corte britânica acerca do pedido de clemência contra sua execução por enforcamento. Os capítulos pares narram a memória de Casement de suas viagens, dando ênfase aos seus trabalhos como cônsul no Congo, quando decide escrever um relatório denunciando as práticas de tortura empregadas pela Force Publique contra os nativos do vale do rio Congo. Narram também as suas duas viagens à Amazônia peruana, quando conduziu uma investigação a pedido do Foreign Office britânico para apurar as denúncias segundo as quais a empresa de Júlio César Arana empregava formas extremas de violência contra os indígenas, para obriga-los a trabalhar na extração da borracha e do caucho.
Ao longo das viagens narradas nos capítulos pares, Casement, então funcionário do governo britânico, se descobre um nacionalista e anticolonialista irlandês, e põe-se então a colaborar com a organização de um levante pela independência de sua terra natal.
O livro é bem irregular, tendo algumas partes boas e outras meio sem graça. A construção dos personagens é um pouco superficial, e alguns diálogos são meio inocentes. Ao buscar o ponto de vista dramático de um Casement romanceado, Vargas Llosa termina por transpor toda a radical experiência do irlandês para uma interioridade problemática e culpada. Os acontecimentos testemunhados e os horrores da colonização são assim eclipsados pelos dramas íntimos de Casement. Dessa forma, a narrativa de Vargas Llosa dilui o impacto da experiência de Casement, um pouco como faz o cinema americano, ao tratar toda história como drama íntimo e familiar de um grupo pequeno de personagens. Valeria a pena comparar a apropriação da figura de Casement realizada por El Sueño del Celta com aquela radicalmente diferente, e antropologicamente subversiva, realizada por Michael Taussig.
Mesmo assim, pode-se vislumbrar no livro algo da violenta história da colonização mercantil da África e da Amazônia. Interessante também ver como já há muito tempo o lobby humanitário e a propaganda tem certo poder na Europa, desde muito antes do surgimento das grandes ONGs...
De qualquer forma, vale a leitura (sempre vale alguma coisa...).
Para baixar (via: http://library.nu/): http://megaupload.com/?d=6MUEU7UE (senha pra descompactar: ebooksclub.org).

Nas Terras do Bem-Virá

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"Por trás dos grandes empreendimentos estatais e particulares, milhões de pessoas (sub) existem, dependendo destes para continuar sobrevivendo. O filme nos conta a trajetória de garimpeiros, peões de trecho, carvoeiros, sem-terra, índios, posseiros e tantos outros personagens brasileiros. A partir das histórias desses brasileiros, a História da Amazônia nos é contada, através dos conflitos e das inúmeras violências sofridas por essa população. Da transamazônica e da propaganda do governo da ditadura até o assassinato da Irmã Dorothy, o documentário nos revela muitas das questões que estão por trás do modelo de desenvolvimento adotado no país".

Para baixar: http://www.megaupload.com/?d=8LA270Y0 (via http://acervonacional.blogspot.com/)