O exército vermelho/FPLP: declaração de guerra mundial


Sekigun-PFLP: Sekai senso sengen é um filme lançado em 1971 pela dupla de japoneses Masao Adachi e Kôji Wakamatsu. Depois de apresentar dois filmes na Quinzaine des Réalisateurs, em Cannes, Wakamatsu e Adachi decidiram juntar-se ao Japanese Red Army em Beirut. Lá eles fizeram esse filme, que documenta as atividades cotidianas dos membros da Frente Popular para a Libertação da Palestina.

O filme começa definindo a melhor forma de propaganda como a luta armada, e explica: se propaganda é informação, e informar é comunicar a verdade, e a suprema forma de verdade é a luta armada - então a luta armada é a melhor forma de propaganda. E o narrador continua: "é verdade que o sistema mundial de propaganda discursiva influencia enormemente a opinião pública internacional. Mas é pelas pessoas que lutam para libertarem a si mesmas através da luta armada que as coisas são decididas em última instância. Claro que cada um de nós está ciente de que o sistema de propaganda do imperialismo americano é o maior que já apareceu na história humana. Eles dominam as redes mundiais de televisão e de jornalismo, e dão às pessoas uma falsa educação, através de filmes que maliciosamente dizem o que eles querem. As pessoas no Vietnam do Sul, não têm televisão ou jornais próprios, mas eles lutam com a vontade firme - a sua única arma - contra o sistema imperialista. E o que está acontecendo agora? O gigantesco sistema de propaganda dos Estados Unidos não consegue mais convencer as pessoas de que essa guerra é certa. Conforme o tempo passa, o povo norte-americano vai se cansando, e começa a se opor a essa guerra. Isso é propaganda, a nossa propaganda. Propaganda é ação e luta. Essa é a suprema forma de propaganda".

O exército vermelho/FPLP: declaração de guerra mundial é então uma peça de propaganda - não é um documentário padrão, nem uma aula de história. O filme toma parte na história de uma maneira consciente e incisiva. O que Adachi e Wakamatsu fizeram foi criar uma espécie de arma - e o filme define: "as armas são a linguagem dos povos oprimidos".

Em 2009, numa entrevista ao Cahiers du Cinéma, Wakamatsu diz que, depois de realizar esse filme, "os países europeus fecharam-me as portas e ainda hoje, não tenho o direito de visitar os Estados Unidos. Foi um filme que realmente mudou a minha vida e me encurtou as liberdades". Com um tom um pouco amargurado, ele ainda completa: "hoje penso que apenas podemos mudar o Mundo através da via eleitoral".


Vale a pena ver, pois o filme ainda hoje dá o que pensar - sobre as lutas de um passado recente; sobre as lutas futuras; sobre o uso muito concreto da palavra (aqui também "a palavra é uma arma"); sobre o uso da paisagem no documentário (para além de ser uma forma de ocultar aqueles jovens que estavam fazendo treinamento no Líbano); sobre a propaganda da extrema-esquerda; etc. etc. etc.

ps: Engraçado um comentário que lemos em algum lugar sobre esse filme: "se você deseja saber como montar um Kalashnikov (i.e., um AK-47) ou como carregar um cinto de munição em uma metralhadora, então O exército vermelho/FPLP: declaração de guerra mundial definitivamente pode ajudar".

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