Nawã pulitikarã

- Seu Adauto, eu queria comprar um tambaqui pra nós fazer uma farofa, porque vamos subir o rio ainda uns dois dias. Será que o senhor vende um pra nós?

Ao que o candidato a vereador respondeu:

- Queísso, Nonato, que eu quando estou lá em cima não pago por nada, e nem chego a pedir: vocês me dão. Bora lá pra você ver como tá de fartura no meu açude, e não quero dinheiro não. Quero é levar o trator com a minha balsa até lá em cima, fazer açude pra todo mundo. Esse aqui foi feito com os cem mil que eu peguei no Banco da Amazônia. A produção de peixe tá toda empenhada nesse empréstimo. Vamos lá que eu vou roubar um peixe do banco pra vocês comerem, pra ver como é bom ter essa fartura perto de casa.

Enquanto isso, o tio materno, quase monolingue em hantxa kuin, continuava repetindo:

- Certim!